Sumi porque estava viajando.
Sexta-feira, dia 23.04 fui pra Nanjing e só voltei pra Hefei hoje, quinta-feira, dia 29.04.
Durante esses dias passei por Nanjing, Zhenjiang, Changzhou, Wuxi, Xinchang, Suzhou e Shanghai.

Viajei com o Peng e um amigo dele.
Peng é um chinês que trabalha na Europa fazem 3 anos (ele é só um ano mais velho que eu).
Luna é uma amiga minha de Uberlândia que viajou pra Eslováquia ano passado e conheceu o Peng.

Quando eu decidi que queria viajar, pedi pra Luna me ajudar a achar alguma vaga pra trabalhar na China. Ela mandou meu currículo pro Peng, que mandou pra uma amiga dele (Sophie), que mostrou pro chefe dela (Alan), e então eles me aceitaram. Por causa deles que estou aqui! 😀

O Peng trabalha numa empresa que fabrica peças pra indústria têxtil e tem alguns clientes na China. Ele veio pra China visitar alguns clientes e me convidou pra ir junto e conhecer um pouco mais sobre as empresas que ele tem contato. O amigo dele também trabalha com trading em Nanjing.

Agora que todos já foram apresentados, vou falar da viagem.

Sexta:
fui pra Nanjing a noite e,

sábado:
meio-dia o amigo do Peng me buscou na casa do Alan e fomos pro aeroporto buscar o Peng. Depois de 2 horas de espera no aeroporto, ele chegou e começamos a viagem.
Chegamos na primeira fábrica as 4 horas da tarde e fizemos a primeira reunião. Jantamos as 6 horas da tarde e aí pensei que iríamos pro hotel, afinal era sábado a noite. Mas não! Fomos pra outra fábrica: o dono, a família e os amigos estavam todos lá, jogando baralho e bebendo. Achei tudo muito engraçado e diferente! Me disseram que o dono mora na empresa e também tem outra casa na cidade. Como o ambiente do lugar é bem aconchegante, espaçoso, bonito e familiar, defini que aquela pessoa não tinha uma casa dentro da empresa, e sim uma empresa dentro de casa!
Depois de muito chá, fomos embora combinando de voltar no outro dia, porque o dono da empresa estava com muito álcool no sangue pra falar de negócios.

Fomos pra um hotel em Changzhou e saímos pra um bar-balada*. Bem legal e bem parecido com a minha definição de balada (com excessão da melancia que vi um pessoal comendo e do sorvete que vi uma garçonete servindo.)

*Fiquei sabendo que há alguns anos atrás homens e mulheres que iam pra bares, não eram bem vistos, não eram consideradas pessoas boas. Com o passar dos anos isso foi melhorando, e hoje em dia muitos chineses saem pra balada. Mas mesmo assim, muitos outros não saem pra esse tipo de lugar. Fiquei sabendo disso durante a viagem e aí entendi melhor as coisas:
– Quando disse para as meninas da empresa que queria ir em algum bar em Hefei elas arregalaram o olho e disseram que raramente vão pra bares. Disseram que se eu quisesse ir, elas iriam comigo, mas elas não tem esse costume;
– O lugar dos bares em Changzhou tem no meio do nome a palavra “international”;
– Todas as bebidas são BEM mais caras em bares (pra estrangeiro pagar);
– Os bares geralmente são baladas (música alta, performances, pessoas dançando);
– Esse tipo de diversão foi importada, não faz parte da cultura chinesa.
Obs: sinto falta dos barzinhos de Uberlândia, com batata-frita, cerveja, vodca com frutas, música baixa, amigos, bolinho de arroz, tábua de frios…

Domingo:
acordamos às 7horas, tomamos café no hotel e saímos pra visitar outra fábrica. A viagem demorou 1hora e quando chegamos lá, o dono não estava! Ele estava em casa, dormindo porque tinha esquecido que iríamos lá. Depois de um tempo esperando, ele chega com aquela cara de sono e o olho menor do que já é. Depois da reunião ele insistiu para que fossemos almoçar com ele, um almoço de negócios de novo (leia-se, muita comida!)

Depois disso voltamos pra outra empresa, aquela de sábado a noite. O dono pelo menos lembrava da visita do dia anterior… Ele é uma pessoa bem simpática e por isso ficamos lá muito tempo conversando. Mais 3 outros clientes/fornecedores também estavam lá pra visita-lo. Quero ressaltar que isso era em pleno domingão a tarde.

Com a bexiga cheia de chá, fomos embora. Pro hotel? Não! Pra outra fábrica, mais simples, que produz tecido. A parte mais interessante foi visitar e conhecer desde a limpeza do algodão até a fabricação do tecido em si.

Fim das visitas no domingo! Viajamos das 19:00 até 00:00 até Xinchang, comendo bolachas e bolinhos de posto, vendo muita barbeiragem na estrada (inclusive do carro que eu estava), dormindo quando eu conseguia. Foi bem cansativo, em compensação ficamos em um hotel ótimo nessa cidade (daqueles que tentam ser internacionais e esforçam em servir café da manhã ocidental).

Segunda:
acordei 6:30, conversei com a família, comi pão com geléia, frutas e rosquinha e fiquei lembrando do pão de queijo com requeijão que eu tanto sinto falta. Com tanto tipo de comida diferente por aqui, porque a China não tem pão de queijo???

Nesse dia visitamos 4 empresas, o que foi bem cansativo e entediante pra mim porque não entendo nada do que eles conversam durante a reunião. Mas apesar disso foi bem interessante observar as diferenças entre as pessoas, os donos, o tamanho das empresas. Uns eram mais profissionais, outros mais simpáticos, algumas fábricas eram enormes e outras não muito, algumas pessoas eram mais divertidas, outras mais estressadas (dava pra perceber na expressão do rosto, na linguagem não-verbal).

Nesse dia, tivemos uma reunião durante o almoço e como eu não entendo as discussões, me concentrei em comer. Mas de repente percebi que ninguém mais estava comendo, então eu parei também. Percebi que a conversa estava tensa, o tom de voz estava mais alto e alguns dedos apontando pra algumas pessoas da mesa. Meu desconforto era óbvio, mas depois de um tempo de discussão (e depois que a comida já tinha esfriado), todos chegaram em um acordo (escrito no papel que a garçonete trouxe). Aí sim terminamos de comer e eu só fui entender o que tinha acontecido ali bem depois, dentro do carro.

Saímos pra viajar de novo, mas depois de viajar uma hora, o Peng lembrou que tinha esquecido as roupas no hotel (ele tinha mandado lavar e a intenção era buscar depois da reunião, mas ele esqueceu). Resultado: chegamos na próxima cidade, Suzhou meia-noite!

Fomos pra um hotel e no outro dia,

terça:
às 7 eu já estava acordada. Tomamos café da manhã** e fomos pra Xangai visitar uma fábrica ali perto.

**No café da manhã sempre procuro coisa que sou acostumada a comer. Mas ao invés de ovos mexidos, tem ovo com tomate. Ao invés de mamão, melão, banana ou morango… a fruta mais comum aqui é tomate-cereja que sempre fica perto da melancia. Ao invés de pão francês, pão de queijo, torrada, bolo, panqueca, salsicha, suco natural, café…, tem arroz, carne, verduras, bacon, suco artificial, chá e leite de soja… Ou seja, ao invés de café da manhã, tem almoço matinal. Mas com isso eu não acostumo.

Depois de visitar a empresa, fomos almoçar e conhecer a cidade. Tirei muitas fotos pra mostrar a cidade pra vocês. Xangai é grande, desenvolvida, com prédio novos e velhos, muito trânsito, muita gente, muitos estrangeiros e muita coisa “pra estrangeiro ver”. Vejam as fotos!! Perto do principal rio que corta a cidade tem vários restaurantes, sorveterias, quiosques, mesinhas… um lugar com estilo bem europeu e ocidental (e os preços também!).
Pode confessar que, assim como eu, você não conhecia nada da China!

Depois desse dia light, voltamos pra Suzhou, e ficamos no mesmo hotel.

Quarta:
acordamos no mesmo horário, comemos o mesmo café da manhã, e fomos visitar outra empresa assim como nos outros dias. (A rotina acontece até quando tudo está fora da rotina.)
Depois do almoço, tivemos uma reunião com um cliente em uma casa de chá. Bem legal o lugar, com decoração tradicional, algumas pessoas mais velhas jogando baralho, e um cardápio com vários tipos de chá, café, sobremesa, e aperitivos doces e salgados. Uma delícia!

Depois fomos pra Nanjing, umas 2 horas de viagem. Encontramos uns amigos do Peng, jantamos num daqueles restaurantezinhos chineses, e comemos várias coisas diferentes***.

***Faz mais de um mês que estou aqui e não provei todos os diferentes pratos que existem aqui. Aliás, acho que nunca vou conseguir experimentar tudo. O Peng é chinês e disse que ainda não experimentou tudo, algumas coisas ele também não sabe o que é. Viva a criatividade na cozinha!

A única coisa que descarto sem pensar duas vezes é a carne de boi e de porco. Cheia de gordura sempre! Prefiro tofu, peixe e as vezes frango.

Posso até virar vegetariana aqui na China, mas isso seria impossível no Brasil.

Depois de jantar fomos pra um bar! Aeeeee! Um bar de verdade, com estrangeiro, cardápio com vários tipos de bebida, músicas variadas e em inglês, muita decoração com quadros, fotos, vinhos, bebidas… Pedi um coquetel que nem sabia o que era (depois descobri que era o menorzinho, e que eu deveria beber tudo de uma vez! Então tá!), pedi depois uma cerveja da China. Bem fraquinha e aguada, mas como não entendo nada de cerveja, achei boa, com gosto de cerveja…

Pronto, já tava tarde, eu tava feliz, o bar tava vazio, então fomos embora.

Dormimos na casa da amiga do amigo do Peng. A amiga é professora de mandarim, mora em Nanjing mas tá mudando pra Beijing. O amigo tava fazendo intercâmbio na Polônia, ta hospedado na casa da amiga dele e provavelmente vai pro Brasil no ano que vem! Já conheço muitos chineses aqui e eles nunca me decepcionam! Adorei conhece-los!!

Quinta:

acordei e já tava com sono. De café da manhã comi umas bolachas que eles tinham comprado. E depois fomos pra uma reunião no escritório do parceiro da minha empresa em Hefei. Uma empresa bem maior, onde o andar inteiro do prédio é composto por salas e departamentos desta empresa. Vou tentar mudar pra Nanjing daqui uns meses.

Descobri porque todos os chineses não gostam de Hefei: porque tem muitas outras cidades bem melhores e bem mais desenvolvidas pra morar. São duas caras da China, são dois lados da mesma moeda que estou conhecendo.

Por fim, fomos levar o Peng pro aeroporto pra ele continuar suas reuniões em outra parte da China. Fui almoçar correndo, me levaram pra provar um prato típico de Nanjing: sopa de sangue de pato, com macarrão. Mas falaram que não é o sangue mesmo e não é um macarrão normal. Mas também não souberam me explicar as diferenças.

Finalmente fui pra estação de trem, entrei sozinha com todas as instruções na cabeça, mas quase perco o trem porque ele é super pontual e demorei pra achar o lugar certo que ele estava! A guarda que controla as pessoas na plataforma do trem deve ter brigado comigo, mas eu não entendi o que ela me falou, então não sei.

Chegando em Hefei, entrei num taxi e entreguei meu papel com o endereço da minha casa, ele leu e me levou no lugar certo!

Lar doce lar!